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Conversar é o remédio - Setembro Amarelo

Publicado em: 21/09/2021

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Conversar é o remédio - Setembro Amarelo

Por Maria Carolina Tomé

Psicóloga Escolar graduada pela UFMG 
Mestre em Psicologia da Educação pela PUC de São Paulo

 

 

Guerra...Num relatório publicado em 17 de junho de 2021, “Suicide worldwide in 2019, a OMS aponta que o suicídio é responsável por mais mortes do que as guerras, homicídios e doenças graves. Os números são alarmantes. Diante desse panorama, o mês de Setembro foi escolhido para se discutir a prevenção ao suicídio. É certo, que o mês  representa o que devemos fazer o ano todo: prevenir é o ato de cuidar, avaliar, observar, apoiar,  acolher e intervir a tempo.

 

Mesmo já diante de uma situação de guerra pela vida, os últimos dois anos nos impingiu que as emoções fossem “testadas” à exaustão pelas inúmeras consequências da pandemia: econômicas, a relação com o trabalho, com a família, com as relações sociais e com as perdas de pessoas próximas.

 

Isso levou a um aumento substancial da procura por ajuda profissional de psicólogos e psiquiatras. As emoções transbordaram, talvez por não estarmos acostumados a vivenciá-las, a ter consciência delas, a DOR EMOCIONAL se impôs sem pedir licença.

 

Se para nós adultos, que já vivemos inúmeras situações difíceis e desafiadoras, o cenário se mostrou complexo, imagine para nossos filhos, crianças e adolescentes que se defrontaram com uma escola diferente, sem contato físico (tão importante, diga-se de passagem), limitados às suas casas, sem viverem as atividades cotidianas, as viagens, os encontros entre amigos: as múltiplas possibilidades de existir.

 

Faço aqui um breve recorte para apontamentos sobre a escola: a aprendizagem é um fenômeno que acontece de maneira coletiva; não somos seres que aprendemos individualmente, é na coletividade, nas relações entre professor e aluno, entre aluno-aluno, que surgem as construções de conhecimento. No Gabarito, foi feito um esforço intenso para que os alunos continuassem a estudar por meio de uma plataforma moderna que auxilia nesse processo de mediação e aprendizagem. Cabe ressaltar que acreditamos, acima de tudo, no ensino que estimula a relação e a mediação, no qual a tecnologia participa como ferramenta de aprendizagem e não como protagonista; para nós o protagonista é o ALUNO. Nesse sentido, o ensino híbrido é mais rico e viabiliza resultados mais contundentes.

 

Longo e complexo foi o caminho para nos adaptarmos a esses novos tempos. Entendemos que acompanhar os alunos nas suas dificuldades e dores é papel da escola. Sabemos que nossos filhos ficaram isolados do contato com colegas e amigos, e que muitos foram os impactos emocionais causados por isso. As ciências humanas estudam, em especial a Psicologia, os impactos do isolamento nas pessoas, sendo eles: transtornos de humor, insônia, desmotivação, ansiedade, compulsões, falta de foco, desinteresse em vários âmbitos da vida.

 

Toda a equipe  se preparou para esse momento, acolhemos as questões mais variadas de nossos alunos, pudemos ouvir alunos a respeito de suas dificuldades com o ensino à distância e ajudá-los a criar soluções, a ter mais paciência com o próprio aprendizado e a alteração de hábitos e rotinas de estudos, escutamos ansiedades, medos, desencontros familiares, perdas ( certamente a mais dolorosa das vivências), avaliamos e intervimos.

 

A prevenção ao suicidio está muito ligada ao ato de acolher, orientar e dar apoio. Segundo a OMS, entre jovens de 15 a 29 anos, o suicídio foi a quarta causa de morte, vem depois de acidentes de trânsito, tuberculose e violência. As tentativas de tirar a própria vida têm crescido substancialmente entre jovens de 10 a 19.

 

Mas, quais seriam as soluções? A OMS  lançou um programa de prevenção ao suicídio que se chama “LIVE LIFE” que sugere quatro ações básicas no cuidado a pessoas em risco:

  • Limitar o acesso a qualquer tipo de substância ou arma de fogo que sejam altamente perigosas
  • Educar os veículos de mídia sobre a cobertura responsável do suicídio
  • Promover habilidades socioemocionais para a vida das crianças e dos adolescentes
  • Identificar de forma precoce e acompanhar qualquer pessoa afetada por pensamentos e comportamentos suicidas

Portanto, para conduzirmos o acolhimento necessário, o primeiro passo é reconhecer e diminuir o preconceito a respeito da saúde mental, dessa forma as famílias podem procurar ajuda a tempo, visto que em sua grande maioria, os jovens que pensam em tirar a própria vida estão vivenciando algum tipo de sofrimento mental.

 

Para finalizar, existem outras maneiras e processos de prevenir o sofrimento mental, a chave está numa rotina mais estruturada, com participação ativa dos pais ou responsáveis, a prática de esportes ou qualquer outra atividade física, vivências na natureza, a diminuição do uso de eletrônicos, o estímulo ao convívio com seus pares. Todas essas atividades contribuem para uma formação pessoal mais integral, bastante desafiadora, mas ainda assim, cheia de VIDA.