Por Cecília G. Coelho Cardoso 
Diretora da Educação Infantil
Mestre em Educação pela UFU

 

 

A Educação Infantil é um espaço privilegiado de aprendizagem, tendo em vista que, por meio da brincadeira, a criança aprende a interagir com a realidade, a desenvolver habilidades psicomotoras, sociais, físicas, afetivas, cognitivas e a construir sua própria maneira de enxergar o mundo.

 

O brincar, nessa perspectiva, constitui-se como atividade fundamental no período do desenvolvimento infantil, auxiliando na aprendizagem de conceitos e ideias, de modo que se possa construir, explorar e reinventar os saberes, refletindo sobre a realidade e a cultura. 

 

A criança, por meio do brincar, discute sobre as regras sociais, analisa e compreende a sua realidade, a cultura e o meio em que está inserida. Esse processo favorece o desenvolvimento do autoconhecimento, autoconfiança, curiosidade, autonomia, linguagem e pensamento. 

 

            As crianças, representando determinados papéis durante a brincadeira, desenvolvem capacidades importantes, tais como a atenção, a imitação, a memória e a imaginação, além de desenvolverem capacidades de socialização, por meio da interação, da utilização de normas de convivência.

 

No ato de brincar, a criança estabelece vínculos entre as características dos papéis assumidos, demonstra sua personalidade e conhece melhor a si mesma. No momento da brincadeira, é capaz de lidar com questões psicológicas, pois se sente motivada e encorajada a expor seus sentimentos, reviver momentos de conflitos e entrar em contato com experiências de dor, medo e perda. 

 

O brincar é uma experiência humana, uma atividade natural e espontânea das crianças, que precisam de uma certa independência para escolherem o tema, o enredo, seus companheiros e os papéis que assumirão durante a brincadeira. Assim, sem a intervenção direta do adulto, podem pensar e solucionar problemas de maneira livre, construindo seu próprio mundo, sendo autoras de seus papéis, colocando em prática suas fantasias e conhecimentos.

 

O brincar é uma necessidade física e um direito de todas as crianças, não é apenas uma questão de diversão, mas de construção de saberes, socialização e desenvolvimento de potencialidades. Nessa perspectiva, o professor da Educação Infantil precisa ser a favor do lúdico, ter conhecimento teórico e prático, ter uma escuta ativa e acolhedora para estar aberto a conhecer a respeito da história de vida da criança, suas competências, seu grau de criatividade, de autonomia, iniciativa e criticidade.

 

O papel do professor, nesse contexto, não é dirigir as brincadeiras, mas ser o mediador das relações, favorecendo parcerias, promovendo a interação, a partir da organização de ambientes provocativos para que o brincar possa acontecer de maneira que as crianças se sintam responsáveis pelas suas próprias ações. O professor, nessa conjuntura, organiza, de maneira adequada, os espaços, de forma a estimular na criança a vontade de brincar; apresenta objetos e materiais diversos para desenvolver conceitos, com o objetivo de favorecer a construção de regras, cooperação, solidariedade, diálogo, bem como desenvolver o cuidado da criança consigo mesma e para com os outros.

 

Nesse sentido, se faz necessário oportunizar o brincar de maneira adequada, para estimular a criatividade, a autonomia, a construção do raciocínio lógico matemático e as representações de mundo e de emoções. Para tanto, é fundamental que as crianças possam manusear objetos estruturados e não estruturados, brinquedos, ter acesso a fantasias e interagir com outras crianças. 

 

Diante disso, o papel do professor de Educação Infantil é primordial nesse processo, pelo fato de esse profissional ser o responsável por promover a interação entre as crianças, organizar de maneira adequada os ambientes, os espaços físicos e os recursos materiais adequados para estimular o desejo de brincar. 

 

O brincar, portanto, não é apenas uma atividade de passatempo, mas uma maneira de educar, de construir e de promover a socialização. Por meio dessa atividade, a criança desenvolve a capacidade de analisar a realidade, criando conceitos, ideias e percepções a respeito do mundo em que está inserida.